Prefácio
A escatologia, o estudo do fim
dos tempos é, erroneamente, para muitos, sinônimo de medo. Figuras e símbolos
fortalecem a ideia não falsa do juízo divino, porém, muitas vezes deturpadas do
amor e cuidado de Deus para com o seu povo em meio à dores, perseguição e até
mesmo morte. Além do mais, por se tratar de um assunto acerca das coisas que
hão de acontecer, a escatologia pode favorecer as fantasias de muitos dos leitores
das Escrituras Sagradas. Leitores podem tomar versículos isolados em pontos cruciais
de textos tidos escatológicos e torná-los favoráveis a seu ponto de vista (e
nem sempre isso é feito conscientemente). Ler e interpretar as Escrituras
pautado por discernimento requer a iluminação interior do Espírito, tal como
afirmava Calvino, mas também exige labor intelectual e agudeza refinada. Ambos
são necessários para conter alguma fantasia inapropriada do leitor e submetê-lo
à verdade de Deus. E isto é importante, pois escatologia talvez seja um dos
assuntos que mais exigem equilíbrio. O professor Adriano da Silva Carvalho
demonstra discernimento, labor intelectual e a devoção necessários ao que se
propõe fazer nesta obra. Conforme o próprio autor salienta, a epístola aos
Tessalonicenses, depois do apocalipse joanino, é onde mais se verificam bases
escatológicas.O livro é uma exegese das duas epístolas do apóstolo Paulo aos
Tessalonicenses, sobretudo, a segunda epístola capítulo 2 e a tão discutida
perícope dos versículos 6 e 7. Profunda e agradável é a leitura de suas
análises, verificáveis as características daqueles que procuram ler e
interpretar um texto bíblico escatológico vigiando a própria alma quanto à sua
própria fantasia e invenções humanas. O livro acentua a seriedade da segunda
vinda de Cristo, ao mesmo tempo em que faz exatamente aquilo que Paulo procurou
produzir em seus leitores de Tessalônica: confortar os crentes confusos e
abalados acerca da parousia, corrigir-lhes os erros doutrinários escatológicos.
Conforme o autor, há a necessidade de uma leitura contínua e extensa em todo o
conteúdo destas cartas, caso contrário, o leitor se inclinará apenas há um
aspecto da teologia paulina. O perigo é o de polarizar determinado assunto,
reduzí-lo e evadir daquilo que realmente era importante para o apóstolo. O
entendimento das epístolas se torna claro na leitura sequencial do livro.
Adriano traça a biografia do apóstolo Paulo, situando-o em seu tempo, recorre a
importantes teólogos e críticos neotestamentários arrostando-os às verdades das
Escrituras. Ele faz o importante trabalho da análise dos termos escatológicos
paulinos, tais como “O Dia do Senhor”, “os que dormem”, “o homem da inquidade”.
Mormente, a exegese das perícopes são pontuais e nada enfadonhas àqueles que
não tem o costume ou ainda não conhecem as línguas bíblicas. Ao que parece, o
professor Adriano seguiu o que ele mesmo observou em Paulo nestas epístolas: o
labor teológico exige igual necessidade de labor devocional; são indissociável.
É implícito durante a leitura que estudar Tessalonicenses requer honestidade intelectual.
Isto nos fará calar-nos quando tentados a opinar sem estudar, por exemplo, que
“aquele que o detém” é o Espírito Santo. Ler este livro é ter a certeza de
crescer no conhecimento bíblico e ter o desejo de continuar a entender mais
sobre a escatologia nas epístolas aos Tessalonicenses. Ler a obra do amigo e
professor Adriano da Silva Carvalho torna muito fácil, a mim, a tarefa de indicar
a sua leitura.
Sinto-me
honrado em prefaciar o seu trabalho.
ELIANDRO DA COSTA
CORDEIRO
Mestre em Teologia-filosófica -
Mackenzie/CPAJ -SP.
Graduação em Filosofia -
Universidade Estadual de Maringá
Especialização em Filosofia -
Universidade Estadual de Maringá
Linguística - ALEM
Graduação em Teologia – S.P. de
Cianorte - PR.
Professor de Filosofia pelo
SEED-PR e no S.P. de Cianorte - PR.
Pastor na IPRB-PR.