Mestre em Estudos Hermenêuticos. Professor, pesquisador e escritor. Ensinou (até o ano de 2007) filosofia e sociologia no Ensino Médio - Colégio Cenecista. Na Graduação lecionou grego, hebraico, metodologia da pesquisa, antropologia cultural e introdução à filosofia no Instituto Brasileiro de Educação Integrada - IBEI/RJ. Como escritor publicou livros sobre Crítica textual, Análise de discurso, História da filosofia e Exegese. Como pesquisador escreveu artigos de FILOSOFIA para a Revista Vox Scripturae (Faculdade Luterana de Teologia), e de TEOLOGIA para as revistas: Pesquisas em Teologia (PUC/RIO) e Teologia Brasileira (Editora Vida Nova). Foi pastor presbiteriano (Igreja Presbiteriana do Brasil), mas, desligou-se voluntariamente dessa denominação. Atualmente se dedica ao magistério, a pesquisa e a produção literária.




Alguns séculos antes do advento dos grandes filósofos, os gregos reconheceram a sabedoria de sete homens. Eles foram descritos como mestres na sabedoria gnômica, e entendidos em astronomia. Os sete desempenharam um papel importante na cultura e na política: “ocupando-se na organização da polis, na criação das leis e de outros elos que interligam as partes de uma cidade”. Também ficaram conhecidos por terem estabelecido "as virtudes próprias do cidadão". E, por terem conferido: “uma dimensão genuinamente política ao sistema de oposições que caracteriza o período arcaico: impureza / purificação, obsessão / curas, loucura / bom senso”. Desse modo, os sete construíram uma reputação invejável na Grécia pré-socrática e representaram um estágio importante da formação do pensamento grego. Neste livro apresentaremos algumas histórias e lendas contadas sobre eles, com maior destaque para Quílon. Meu interesse em estudar a vida do sábio espartano foi despertado quando li que Diodoro Sículo atribuiu a ele às famosas máximas délficas: Γνῶθι σεαυτόν - (Conhece a ti mesmo); Μηδὲν ἄγαν - (Nada em excesso); e Ἐγγύα, πάρα δ ἄτη - (Faça uma promessa e sofra por isso); a partir dessa descoberta, quis conhecer melhor a vida e obra desse sábio.
(Em breve)
Espinosa: o exegeta com razão
Na linguagem popular, a parábola é uma história contada com efeito comparativo, cujo objetivo é apresentar um ensinamento. Seu entendimento pressupõe que os ouvintes estejam dispostos a seguir as ideias do interlocutor, para que possam entender o ponto de semelhança entre a imagem e a coisa em si. Não há erro com esta definição. Mas ela pode transmitir a ideia de que a parábola é fácil de interpretar. Pelo contrário, é um dos gêneros literários mais difíceis de analisar. Suas conexões com a cultura popular e com ideias comumente difundidas em uma sociedade nem sempre são fáceis de descobrir. Além disso, também pode ser necessário considerar detalhes envolvendo a intertextualidade. Este artigo pretende analisar a passagem de Lc 16,19-31 sob a noção da intertextualidade Lucas / Atos. Além disso, destacará os contextos políticos e econômicos da época do autor e os paralelos dessa passagem em um conto egípcio do primeiro século; em uma história do Talmude Palestino e no trabalho de Luciano.

Desde o período da igreja primitiva, passando pela Reforma protestante até o início do século XVIII não havia sido apresentados argumentos consistentes contrários a autoria paulina das epístolas escritas a Timóteo e Tito. Contudo, a partir do século XIX, um grupo de estudiosos rejeitou a tradição que defende que Paulo é o autor das pastorais. Eles consideraram esses documentos como produtos de uma época posterior ao apóstolo, sendo, portanto, não autênticos. Essa posição foi enfrentada, mas até os dias atuais os debates sobre a autoria e autenticidade das pastorais não tem qualquer previsão de arrefecimento. Neste livro serão apresentados os pontos de vistas dos dois lados em disputa, assim esperamos que o leitor conhecendo esses pressupostos, consiga decidir melhor sobre essa questão.

Parábola é um dos gêneros literários mais difíceis de interpretar. Mas todo o esforço nesse sentido será recompensado. Neste livro a passagem de Lucas 16: 19-31 será submetida a uma análise sociológica e literária. Os contextos políticos e econômicos da época do autor serão analisados, bem como os paralelos dessa passagem em um conto egípcio do primeiro século; em uma história do Talmude Palestino e no trabalho de Luciano.

As duas epístolas aos Tessalonicenses foram os primeiros documentos do N.T. colecionados pelos cristãos. Elas apresentam o pensamento escatológico dos primeiros dias da igreja cristã. Neste livro o leitor encontrará um primoroso estudo exegético sobre: "aquele ou aquilo que detém"; "parúsia"; " o homem da iniquidade" etc. Também conhecerá o verdadeiro objetivo dos ensinos escatológicos nessas cartas.

A discussão sobre o significado de Isaías 7.14 é longa, existe a centenas de anos e está centrada, sobretudo, em nuances gramaticais. Em tese, faz-se do substantivo feminino hebraico ”עַלְמָה” – (‘almah) um cavalo de batalha. Esse substantivo pode ser traduzido por “virgem”, mas também por “mulher jovem e sem filhos”. Essa ambiguidade tem alimentado o debate por milênios. A Septuaginta colocou mais lenha na fogueira quando traduziu “‘almah” em Isaías 7.14 por “virgem”. Este livro apresentará os pontos de vista em tensão dessa discussão milenar.

Naum é um dos livros mais notáveis de todo o Antigo Testamento. A elaboração de uma obra literária como essa exigiu do seu autor, "energia, capacidade poética, raciocínio lógico e teológico para justificar seu argumento e convencer seu público". Apesar disso, Naum tem sido ignorado pela maioria dos leitores da Bíblia: esperamos com este pequeno comentário alterar esse quadro mostrando a sua importância literária e o valor teológico da sua mensagem.

Deus e a felicidade em Epicuro.
Este artigo visa compreender o significado da frase: “θεοὶ μὲν γὰρ εἰσίν” – “Certamente os deuses existem” no contexto da chamada carta sobre a felicidade de Epicuro. E, para este fim, questionará a relação desse enunciado com o programa da “vida abençoada” do filósofo de Samos. Epicuro estava apresentando sua declaração de fé: Θεοὶ εἰσίν? Provavelmente não. Mas é verdade que ele usou linguagem teológica quando apresentou seu plano de felicidade. Por que ele faz isso? Esta é a pergunta que este artigo procurará responder.

Parábola: perspectivas linguístico-literárias
Quase todos os livros sobre interpretação bíblica reservam um capítulo especial ao estudo da parábola. E não poderia ser diferente, o assunto é complexo e requer um considerável esforço hermenêutico. Por isso, também, desde o século passado muitas pesquisas com fulcro literário foram realizadas com vistas a uma compreensão mais clara desse gênero. Reconhecidamente algumas dessas pesquisas trouxeram informações importantes, como questões relacionadas ao paralelo da parábola com outras literaturas, sobre paradigmas dominantes na sua interpretação e elementos narrativos comuns: há muitos bons artigos sobre o tema. No entanto, em razão da natureza deste trabalho, não será possível considerar todas as teorias escritas sobre esse assunto, o que se pretende aqui é tão somente apresentar de modo introdutório os pontos de vista mais interessantes no estudo desse tema.

Paulo e o Embargante
Este artigo se proporá ao exame de uma das mais importantes e intrincadas passagens das Sagradas Escrituras: 2 Tessalonicenses 2.1-17. Nela encontra-se a mensagem de Paulo para anular os efeitos de um falso anúncio de que “o dia do Senhor” já havia chegado: “ὡ ὅτι ἐνέστηκεν ἡ ἡμέρα τοῦ κυρίου”- (como se tivesse chegado o dia do Senhor). Sobre os efeitos desse falso anúncio sobre os destinatários da carta Elian Cuvillier comentou:“ na primeira carta (1 Tessalonicenses 4.13-18) os crentes estão vivendo a crise da esperança, mas na segunda( 2 Segunda Tessalonicenses 2.1-12) enfrentam uma crise entusiasta”.[2] Esse desequilíbrio é destacado por Paulo quando emprega o verbo grego “Σαλεύω”:[3] no grego secular esse verbo era usado para descrever a “agitação do mar” o “tremor produzido por um terremoto” e a “ incerteza terrena. Este artigo analisará essa e outras questões importantes dessa perícope.

Os dêiticos em 2 Tessalonicenses 2
Este artigo apresenta uma interseção da linguística com a teologia. Ele procurou explicar a organização do texto da perícope de 2 Tessalonicenses 2 através dos elementos dêiticos. O termo “dêixis” ou "deixis" é de origem grega “δεἴξις”- é uma variação do verbo “δείκνυμι”, “mostrar”. O estudo dos elementos dêiticos em um enunciado não se limita a extrair do contexto este ou aquele elemento isolado para os quais apontam, mas fazer emergir da situação de enunciação marcos referenciais indispensáveis à ancoragem enunciativa. O vocábulo “deixis” foi empregado pela primeira vez no II século d.C. pelo gramático grego Apolônio Díscolo para descrever as funções dos pronomes pessoais e demonstrativos. Assim a primeira ocorrência do termo “deixis” surge no domínio da descrição gramatical sem uma relação explícita com a teoria da significação linguística. Todavia, sabe-se que antes de Apolônio os antigos filósofos já discutiam sobre linguagem e semiologia. O leitor compreenderá melhor o uso dêitico ao ler este artigo, assim esperamos.
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